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quinta-feira, março 30, 2006


Dizem que Crash é um baita filme. Trama tocante sobre identidade e racismo sem cair em clichês. Merecedor do Oscar, até. Então me diga, tem coisa mais clichê do que mostrar o lado bom e ruim dos personagens exatamente na mesma medida? Mostrar que todo mundo pode cair em armadilhas quando em situações limítrofes? É muito fácil escrever um roteiro tão óbvio, tão maniqueísta.
Mas a infelicidade de Crash não para por aí. Como se nota pelo nome da belezinha, o longa tem algo a ver com acidentes. Na minha opinião, só pra tapar furo do roteiro e para fornecer mais um pedacinho de pano para a venda nos olhos dos críticos. Existe solução mais simples do que envolver vários desconhecidos em dramas absolutamente paralelos através de acidentes? E isso, senhor Paul Haggis, o Alejandro Iñárritu já tinha feito muito melhor do que o senhor em Amores Perros.
Aliás, Crash é isso: o Amores Perros dos americanos. As máscaras da sociedade deles caem exatamente como a cara deles. Assim suaves, assim apartidárias.
É impressionante como os dramas idiotas da classe média vêm tomando proporções gigantescas e empilhando prêmios. Vide Beleza Americana (ainda assim, melhor).
Crash só funciona pra quem é da classe média, racista e/ou xenofóbico. É um filme típico dos Estados Unidos e os críticos gostaram tanto porque, de certa forma, acreditam que devem ir contra a maré de intolerância em que seu país está afundado. Pena não se darem conta de que, batendo palmas pra um filme desses, só estão assumindo e concordando com essa postura estúpida e preconceituosa. E eu penso, sinceramente, que eles continuarão atravessando a rua ao verem dois rapazes de cor vindo na sua direção.

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