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terça-feira, março 30, 2004


E aí que eu andei muito ocupada por esses dias. Mentira. Andei muito por aí, pensando e resolvendo. E aí que o churrasco da turma me deixou sequelas infindáveis porque como todos sabem voltei a beber e passei sete horas na casa da colega que promoveu o encontro. Aliás, devo dizer que as fotos ficaram ótimas, apesar de eu não parecer estar de olhos abertos em quase nenhuma delas. Ah, deixem-me com meus pequenos.
E gostaria de pedir a todos aqueles que fazem aniversário neste mês que não o façam. Me respeitem, por favor. Comemorem seus aniversários em outros meses. São mais onze, é só escolher. Não tenho mais idade pra ir em tantas festas, fazer tantas ligações, comprar tantos presentes e parabenizar tanta gente. Desde já, agradeço a compreensão.

sexta-feira, março 26, 2004


Será que é muito estranho se deprimir numa sexta-feira? Enfim, voltarei a beber.
E logo, logo eu atualizo isso aqui direito.

terça-feira, março 23, 2004


É engraçado o jeito dele piscar os olhos com a debilidade e lentidão que só ele tem. Analisa o contorno do meu rosto ao mesmo tempo que diz que tem muitos amigos inchados por causa do álcool. Não, ele seria incapaz de dizer que talvez meu rosto também tenha inchado nesse tempo todo de cervejas e destilados. E segue com sua análise minuciosa nos meus contornos até perceber que não está conseguindo disfarçar. Olha pra direita fingindo acompanhar os movimentos de alguém inexistente. Só que eu conheço ele. E sei o que ele nega pra si mesmo.
É engraçado observar seu esforço de concentração e suas tentativas fracassadas de displicência. E é difícil eu me segurar pra não rir.
Nós dois sentados em um bar mal iluminado, ele afastando o cabelo do rosto e escolhendo palavras. E ele acha que eu não sei que ele as escolhe. Diz que eu tenho que mudar isso e aquilo de forma tão sutil que me sinto lisonjeada. E ele só fala porque eu peço. Só fala porque eu preciso. Só porque eu sei que preciso. E vai tentando ressuscitar o que parecia morto em mim. Ameniza o tom de suas críticas. Só que eu sei o que ele pensa. E isso faz tudo parecer idiota. E bonito.
E ele é tudo. Tudo aquilo que eu podia querer. E tudo aquilo que eu posso perder.

segunda-feira, março 22, 2004


Parei de fazer terrorismo adolescente comigo mesma. Já chega! Chega! Estive a ponto de bater com a cabeça na parede conforme o ritmo da música que sai do som que mal funciona e que eu tenho que mandar pro conserto há um ano e meio. E chega também da minha mãe continuar com sua teimosia barata de querer dar toda a vitamina de uma só vez pra minha cadela em depressão. E já chega dela achar que ração pra gatos servem também pra cachorros. Se bem que ela fez o pepino que eu gosto esses dias e nem exigiu parabéns. Mães tem dessas coisas. Insuportáveis e indispensáveis.
Fora tudo, eu estou bem. Quase feliz. Juro!

Dica de cinema: "Swimming Pool".
Crítica da crítica do filme "A Paixão de Cristo": Não vi nada de anti-semitismo e, desculpem-me os judeus, mas acho que isso é mania de perseguição de vocês; pasmem, o Mel Gibson é bom diretor; sim, sim, tem pancadaria do início ao fim.

E esse foi o último post desesperado. Adeus terrorismo adolescente! Não quero mais ser ovelha negra nem branca nem azul nem amarela com bolinhas vermelhas. Aliás, quem disse que eu quero ser uma ovelha?

quinta-feira, março 18, 2004


*Acabou minha doença, acabaram minhas tentativas inúteis de parar de beber e fumar, acaba-se a semana de idas frequentes à tia vilma e pelo que estão dizendo, acabar-se-ão também as aulas. Em breve. Os servidores confirmaram a greve e agora só nos resta pedir aos céus para que os professores não participem. Vou fingir que não sei de nada.

*Minha birra pessoal com alguém distante mas nem tanto acaba de se estender para o amigo desse alguém (obrigada, Luís). Por que será que pessoas que não conhecem pessoas ou nunca falaram com essas pessoas acabam tomando as dores de outrem? Enfim, ossos para vocês.

*Como é triste quando alguém se sente idiota por não ser podre e acaba ficando podre para não mais se sentir idiota.

*E que venha a futura desmoralização da caloura fabicana que humilhou um de seus colegas. A justiça está conosco.

segunda-feira, março 15, 2004


Finalmente chegou em Porto Alegre o CD novo da Courtney Love. Foi lançado nos EUA dia 10 de fevereiro, saiu em São Paulo semana retrasada e aqui, agorinha.
Podem falar mal da Courtney (grande novidade), podem fazer músicas e clipes avacalhando com ela, podem dizer que ela matou o Kurt (ah, faça-me o favor...) que eu só digo que ela é a mulher mais foda dos últimos tempos da qual eu tenho notícia. Bem, talvez perca pra minha avó, mas enfim, ela é foda.
O America's Sweetheart é muito bom. Muito bom mesmo. É nítido o amadurecimento dela tanto nas letras quanto nas melodias. Pelo peso das guitarras tá mais pra Live Through This, mas não faltam as baladinhas estilo Celebrity Skin, dois dos CD's do extinto Hole. Mas eu prefiro deixar essas coisas técnicas pros críticos especializados em.
Tô aqui pra dizer que a Courtney é uma das poucas, talvez a única, que me pega de jeito e que me esmaga. A única que me manda pra puta que pariu e depois me dá colo. Me estapeia e me faz curativos. Diz que o mundo é uma merda mesmo, mas talvez nem tanto. Que eu tenho que gritar mais alto que todos, mas que eu não preciso machucar ninguém pra isso. E se precisar? Então que machuque! Já muito me fez chorar, muito me viu sorrir, muito me incentivou a chutar o saco deles. De todos eles. E se eu me arrependesse? Que chorasse e me desculpasse. Ou nem isso. Ela me ensinou a ser forte sempre. Ou quase sempre. E me apoiou quando eu decidi dar o sangue por tudo que eu faço, me apaixonar por cada segundo que passa e pelas pessoas que passam, quebrar a cara toda hora, testar limites e me impor limites.
Eu já odiei e amei a Courtney muitas vezes. Já fiquei puta com as besteiras que ela faz, mas tive muito prazer em vê-la se reerguer porque ela sou eu e ela é um pouco de todo mundo e ela só quer ser feliz. E eu também quero.

Aqui vai um pedacinho de "Hold on to me" só pra ti:

When you're in the whirlpool
And they try to suck you in
Remember, you aren't gonna drown
Baby, 'til you have been alive
Hang on to me, forever baby
I could always swim

domingo, março 14, 2004


Na tentativa de evitar uma pneumonia e o vindouro câncer de pulmão segui à risca as recomendações de pais, amigos e médicos. Não tenho bebido, tenho fumado menos e tenho saído menos. E pior: estou feliz! E agora?
Agora vou encontrar minha amiga de Londres. Saudade.

sábado, março 13, 2004


Me enganei. Existe sim uma coisa pior do que ficar doente. Aliás, muito pior e muito menos egocêntrica. Existe a morte. Mas não a morte isolada, não aquela a que todos nos destinamos. Me refiro à morte estúpida e coletiva. O que dizer dos atentados em Madri? Sim, é sobre isso que estou falando. E sim, esse post veio tarde porque ontem eu não me sentia capaz de dizer alguma coisa. Porque ontem eu fiquei puta e eu fiquei triste. Muito triste. Confesso que quando aconteceram os ataques às torres gêmeas eu não fiquei assim. Apesar do número de mortos ter sido bem maior, aquilo tinha acontecido num país que eu nunca gostei, num país que abriga muita gente a favor de guerra, num país que passa por cima de qualquer coisa pra dominar o mundo. Sim, sim, pobres famílias que perderam um membro, não sou um monstro, mas eu realmente não fiquei tão triste. Não consegui.
Quando eu morei em Londres conheci muitos espanhóis. Diria até que conheci mais espanhóis do que ingleses. Fiquei amiga de verdade de muitos deles.
Quando eu fui pra Espanha pretendia passar só cinco dias lá. Acabei ficando dez.
Eu adoro os espanhóis. Povo de bem com a vida, povo feliz, povo desprovido de preconceitos, povo que criou Cervantes, Velásquez, Dalí, Picasso, Gaudí, Buñuel, Almodóvar e tantos outros.
Quando começou a guerra no Iraque o presidente Aznar enviou tropas espanholas pra lá. Se o povo concordou? Não, foi uma decisão pessoal do cara. Os espanhóis foram contra. Já vivem em meio a tantos problemas separatistas, pra quê mais um?
Ontem passei um bom tempo mandando e-mails pros meus amigos de Madri. Será que eles estão bem? Não pensei na possibilidade de não estarem. E nem vou pensar. E dizer que quando eu fui pra lá passei tantas vezes na estação de Atocha. Tirei até uma foto fazendo gestos duvidosos com a plaquinha da rua de nome esquisito. E agora isso...
Não me interessa quem são os responsáveis. ETA? Osama? Que se foda. Já tiraram a coisa mais importante de tanta gente, a única coisa de valor que foi dada a eles: a vida. A vida dessas pessoas que pagaram pelos erros dos outros, que não tinham nada a ver com essa palhaçada mundial, com essas guerras imbecis, com essas pessoas que mandam no mundo e fazem tudo errado.
Mierda! Mierda! Mierda!

quinta-feira, março 11, 2004


Olha, eu digo uma coisa, só uma coisa: não há NADA pior do que ficar doente por duas semanas seguidas de forma que quando tu te cura de uma coisa, tu piora da outra. Os dias passam, as pessoas te dizem que passa, até tu acredita que vai passar. Mas não passa. Piora. Aí tu vai no hospital, perde horas preciosas, observa os homens olharem as bundas das enfermeiras, os médicos se acharem deuses, os seguranças ficarem de mãos fechadas (como eles não cansam?) até te chamarem. E isso que o teu caso era "prioritário".
O médico te toca inteira (maldito molestador), coça o cavanhaque inexistente, olha bem pra tua cara e se certifica de que tu sabe que ele é Deus, ops, médico, de que ele muito estudou pra isso, de que ele sabe muito mais coisas que tu. Finalmente te manda pra enfermaria onde te tacam uma agulha gigantesca numa veia da mão e te enchem de tubos. Momentos antes de tu ligar pra tua mãe e pedir teu travesseiro e o livro que tu tá lendo, ele te chama pra ser reavaliada. O senhor doutor te dá uma receita estúpida com drogas que te distraem enquanto teu corpo se cura sozinho. Daí ele te libera.
Sorrisos. Exaltação. Pulos. Tu saiu do inferno. Com a tua mão em forma de morro e uma respiração mais fácil. Yeah, yeah! Sometimes it works.

quarta-feira, março 10, 2004


Se foram as bolas do Teddy. Em mais um exemplo de como seres humanos são cruéis e egocêntricos, castraram meu gato.
Bati pé, gritei, coloquei as mãos na cabeça. Tudo em vão. Minha mãe decidiu que é melhor o gato engordar como um porco e ficar em casa na maior parte do tempo do que sair toda noite e brigar toda noite e tentar comer a gata da rua toda noite. E que gata! Nossa! Tem mais ou menos uns 8 gatos por aqui e todos eles passam a vida atrás dela. Miaus, mós, méus e lá se vai o pedaço da cabeça de um, uma parte da orelha de outro e assim por diante.
Sim, sim, morro de pena do meu gato, sinto vontade de estrangular os outros cada vez que o Teddy aparece com um pedaço a menos, mas só um pouquinho, desde quando nós temos o direito de decidir quanto ao instinto dos bichos? Imagina se acabassem com teu apetite sexual enquanto tu estivesse dormindo? Toma uma anestesia, dá uma dormida e acorda sem bolas. Ou peitos. Ou mesmo que não te arrancassem nada, mas imagina acordar sem desejo.
Meu gato tá lá num quartinho se recuperando do tranco. Parece um morto vivo, anda um pouco e cai. Os olhos tão esbugalhados e o miado, sofrido. Não consigo olhar pra ele. Nem pra minha mãe.

terça-feira, março 09, 2004


E eu fui mesmo viajar. Por estes pagos, é verdade, nada muito longe, nada que exigisse mais de três horas de viagem. Fui pra São Lourenço do Sul. Lagoa dos Patos e essas coisas todas. Andei de caiaque (por que ninguém se habilita a fazer remo comigo?), pesquei (os peixes roubaram todas as minhas minhocas) e bati fotos (muitas. todas.) de dia e de noite. Ainda vou publicá-las em algum lugar.
Ficamos em uma cabana. Linda. Perfeita. Ou quase. Os ácaros se fizeram presentes o tempo todo e me contemplaram com um ataque jamais visto de rinite alérgica. Finalizaram seu trabalho me obrigando a tomar comprimidos de naldecon de 8 em 8 horas pra melhorar da gripe da Lagoa.
Ainda assim, ignorei a febre, a fungaceira, a tosse. Fui em todas as pontas da Lagoa e observei que suas águas são iguais às do Guaíba, com a diferença de que lá dá pra tomar banho. Ah, e elas também estão verdes.
Mas o mais forte de São Lourenço são as lembranças. Os resquícios da minha infância estavam em todos os lugares. As cabanas, o arroio, a areia que machuca os pés, a taquara que serve como vara de pesca, os caiaques gordos e antigos, o tréééééc tum da porta da garagem, o cheiro de ar viciado de uma cabana morta há tempos e viva pra sempre na minha memória. Lembranças de tempos felizes, de pais ainda casados, do espirro de alguém que corria comigo todos os dias nas ruas desertas, da comida de alguém que fala alto demais e cuida demais.
Por alguns segundos sozinha no entadecer eu vi e senti e chorei por todo aquele ar desacostumado com minha presença e que mesmo assim fez eu me sentir em casa.

sábado, março 06, 2004


Em homenagem ao inusitado que sempre andou de mãos dadas comigo, publico aqui uma de suas tantas faces: que tal dois ex-namorados seus sentarem na sua frente e dividirem um prato de batatas fritas graças a uma situação que você mesma criou?
Evite esse tipo de desENCONTRO a qualquer custo.

Nunca o aperto foi tão grande. O concreto de vocês me fechou por todos os lados. Formaram-se paredes e delas saíram galhos secos tateando meu pescoço no escuro.
A fumaça dos cigarros bateu nas janelas e chicoteou os narizes sujos. Os cantos estavam vazios porque quem procura a festa fica no meio. No meio. E pelo meio eu passei pra fugir dali e respirar. Só que o ar lá de fora continuou pesado.
E tudo isso pra perceber que o tempo que levaria pra eu achar o que procurava era diretamente proporcional ao tempo que tinha pra fugir dali. E como explicar pra eles que o que eu mais queria era estar longe deles? Não, não longe deles, mas das situações causadas por eles.
Amanhã eu vou viajar pra procurar um pouco de mim. Será que vai dar certo?

sexta-feira, março 05, 2004


Fui vencida. Depois de muito tempo criticando a tendência egocêntrica da moda dos blogs, me rendi. Verdade que muito mais pelo peso das palavras engasgadas do que pela vontade de tornar público o que o coração não sente, porque o que ele sente não tem palavras.
Um belo dia pra iniciar com essa coisinha. O horário? Pois é, não se acostume, essa manhã é resultado de uma noite mal dormida, muitos planos e algumas decisões. Nessa ordem mesmo.
Pra que serve aquele botão ali?

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