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segunda-feira, janeiro 31, 2005


Pois então que acabou o fórum e, fosse eu religiosa, agradeceria a deus.
Resolvi me voluntariar. Trabalhei na recepção de intérpretes no aeroporto e como coordenadora de sala. O problema todo foi essa minha segunda função. Nada de festas até altas horas porque no dia seguinte, lá estaria eu na F603 organizando a sala, recebendo intérpretes, tentando resolver bombas com o pessoal do áudio e com os técnicos da nomad. Nada funcionava e, quando era pra funcionar, percebíamos que haviam roubado computador ou microfone na noite anterior, embora houvessem pessoas contratadas e PAGAS para cuidarem da segurança.
A minha sala era pra 600 pessoas, mas nos dias de Boaventura e Leonardo Boff, se aglomeraram por volta de 700. Calor insuportável, caminhadas, ligações, correria. A única coisa que me deixa, por assim dizer, feliz, é saber que por mais que tenhamos tido problemas, as coisas andaram. E clichê ou não, fiz a minha parte.
De positivo ficam os pedaços de conferência assistidos (dá-lhe frei betto) e o portunhol aprendido. De negativo, o calor, o reggae, a (falta de) segurança e o acampamento da juventude. Aliás, o acampamento foi a pior coisa do fórum. Engraçado ouvir porto-alegrenses envergonhados por dar ao mundo a imagem de cidade desorganizada e pouco segura. Ah, umbigos! Deveriam se preocupar com o município o ano inteiro, não só quando gringo dá as caras por aqui.
Mas voltando ao acampamento, à terra de ninguém. Impossível caminhar sem meninos puxando tuas mãos, teus cabelos. Parecia nunca terem visto mulher na vida, tamanho o desespero. Me falaram por aí que até sábado se somavam 38 ocorrências de estupro. Verdade ou não, até me parece plausível. Ontem presenciei uma cena que comprova a possibilidade da coisa. Eu estava bem no centro do acampamento quando começou a gritaria, o pânico. Eu e a carol corremos pra ver o que era e lá estava o DUKE-13, agachado, dentro de uma cerquinha ao lado de seguranças e de policiais que tentavam conter o pessoal enlouquecido pelo álcool, pelas drogas e pelo prazer de revidar e, talvez assim, se sentir menos mal pelos puxões de cabelo nas coleguinhas do primário, pelas brigas com papai e mãmãe, pelo roubo do CD do led aos 14. Bando de estúpidos querendo linchar o carinha que tentou estuprar a mina e, felizmente, não conseguiu porque pegaram a tempo. E passa pela nossa frente, embora a carol não tenha visto tamanho o estado de choque da moça, a vítima chorando. E aí me deu raiva, me deu vontade de matar o estuprador fracassado. Mas é claro que eu não iria atirar pedras e pedaços de pau no cara acertando também a polícia e os seguranças, é claro que eu não iria entoar os gritos de guerra da galera, que não iria matar o DUKE. A falta de noção não é só do estuprador.
E o que mais? Mais que na mesma noite rolou até santo daime e isso foi a experiência inédita. Nunca tinha visto o ritual. O engraçado foi o bolo do estupro ter acontecido ao lado da galera do chá. Fiquei imaginando o quanto eles devem ter viajado no enrosco, se é que não tiveram o barato interrompido. De outro mundo possível para o mundo real.

segunda-feira, janeiro 17, 2005


Pois e não é que hoje mesmo lembrei que tenho um blog? Lembrei por rever meu computador depois de dias afastada. E o pior é que quando se fica muito tempo sem escrever, a gente enferruja, as palavras saem tortas. E daí que eu fui deixando de digitar, deixando de pensar em tópicos enquanto meu cabelo crescia.
Teve o ano novo, né? Pois fui aqui pra perto. Nem tão perto que pudesse deixar de fazer as malas e nem tão longe pra morrer de saudades de quem virou o ano longe de mim. Quer dizer, saudades eu senti igual, poderia ter quebrado a minha taça na tua, mas fica pra outra vez. Pra outra vez, pra outro ano. E aqui vamos nós pra mais um ano cheio de perspectivas e menos um de vida. Paciência. Aliás, paciência é o que eu levo pra 2005. É a coisinha que aprendi. Porque a gente tem muito pela frente e pouco pra chorar. Não devíamos chorar. Então essa é a dica: chorem menos e esperem mais. Eu esperei e deu certo. Acabo de conseguir um celular da vivo pra falar quase de graça. E sim, sim, isso foi decisivo pra mudar meu relationship status no orkut, honey. Mentira. É porque agora eu acredito. Agora eu sei que vale. Nós sabemos.
E depois da tal noite da virada tão famosa e tão igual a outras noites, fiquei por aqui reorganizando a vida, o apê, o carro. Mais uns diazinhos e fui fazer tss prum lado e tss pro outro na beira da praia nos momentos em que tive paciência para tanto. Esfolei o joelho na areia, gostei mais ainda de alguns amigos, conheci umas pessoas interessantes e sacanas, bebi, mas não caí.
E por fim estou de volta. Não por muito tempo, afinal deixei de viver muita coisa com quem eu amo e não quero mais perder dias e noites fumando cigarros e bebendo cervejas e dançando muito e correndo sempre e beijando bocas inseguras e frias. Bocas que não eram a tua e não lembravam nem de longe o teu gosto. Tudo pra tentar te esquecer. Tudo pra perceber que não consegui.

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