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quinta-feira, agosto 26, 2004


Agradeço ao teu deus pela volta do conforto da minha tristeza imatura. Se foram os dias de sorrisos bobos e comentários infantis. Voltam as noites frias e ásperas.
Não via psiquiatras há dias e remédios, há semanas. O reencontro com psicofármacos e os dias de sorrisos bobos chocam-se com a dureza e rigidez dos meus ombros. Adeus languidez. Adeus prostração e felicidade ilusória. E que se fodam as palavras bonitas nessas horas de perturbação.
O certo é que a faca em uma mão se afasta do queijo que repousa sobre a outra. Até porque o queijo pesa. Amarelinho como só ele, sai da aquarela para me culpar. E com essa culpa que ele me joga nos ombros, eu caio de joelhos. E corro pra outra cor.

terça-feira, agosto 24, 2004


* E não é que o melhor do retorno às aulas foi justamente não ter conseguido vaga em uma cadeira de um semestre mais adiantado que o meu? Ganho duas horas nas terças-feiras. Dei pulinhos de alegria e soltei um sorriso sincero.
* O sarau estava ótimo. Espero que quem perdeu vá no próximo.
* Chegou mais uma gripe pra se somar às outras 30 que já tive neste inverno.
* As fotos novas dos malefícios do cigarro começaram a aparecer nas carteiras. Realmente são mais fortes. Mas será que alguém deixa mesmo de fumar por causa delas? No meu caso, infelizmente, não fazem diferença. Se bem que aquela do câncer de boca me causou repulsa.
* Não aguento mais ir em lojas de móveis e estofados. Estou começando a me arrepender de ter inventado isso de sair de casa. O número de contas aumentará, meu espaço reduzirá (o apartamento é do tamanho do meu quarto), terei vizinhos muito próximos e dividirei um telhado.
* Arquitetos são como publicitários. Tentam de todas as formas agradar o cliente. Tanto que é o cliente que acaba fazendo tudo sozinho.
* Um viva aos tópicos!

terça-feira, agosto 17, 2004


Quarta-feira. 21h30. Bongô Bar. Programem-se. Poetikaos. Um sarau com a leitura de textos de autores consagrados, de trechos de blogs e de produção própria dos integrantes do grupo: eu, julia, carol, ana, tiago e leandro. Primeira edição. Não percam.

sexta-feira, agosto 06, 2004


* Estou fascinada pela beleza de uma pedra. Um cristal de duas pontas. Pena não ter comprado uma pra mim também. Mas essa é tua e ponto. Cuida porque as pontas somos nós. E não devem ser quebradas.
* Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças é um puta filme. Me deixou triste e prossegui a noite contando o número de cigarros desperdiçados no último ano. Por causa desse filme abandonei as teorias acerca da natureza do amor e decidi vivê-las. E abandonei também minha postura católica frente a amores densos e confusos.
* Me convenceram a não mais considerar a psiquiatria normativa. Fico feliz.
* Arquitetos dizem nomes de materiais de construção e tipos de madeira desconhecidos para poderem cobrar mais caro ou para mostrar serviço? Ou será que é pelos dois? Bom, o que sei é que meu apartamento novo terá tantos objetos e cantos de nomes impronunciáveis que confesso ter até medo de ir morar nele. E outra: vai que me perguntem o que eu fiz em tal lugar ou o que é tal coisa e eu não saiba responder? A palavra da vez é pânico.
* Completamente novata em dividir espaços, já esqueci de pagar o condomínio do primeiro mês. E que coisa mais estranha essa de condomínio, hein?! Também sempre achei muito bizarro isso de compartilhar telhados. Será que me acostumo? E como assim ter horários pra ficar em silêncio? E se eu quiser gritar e colocar o som bem alto de madrugada? Multa? Ahhhhhh! Multa. Sim. Multas. Muitas multas. E viva a rebeldia. Não quero ser adulta, ok? Com licença. Obrigada.
* Voltei a escrever em tópicos. Que merda!

quarta-feira, agosto 04, 2004


Sim, sim, esse blog foi praticamente jogado às traças e eu nem expliquei o porquê. Pois então, fui viajar. Conheci uma pontinha do Pantanal, passei dias quentes e secos em Cuiabá e encerrei a viagem na Chapada dos Guimarães. Até pensei em fazer um relato completo desses dias, mas ficaria cansativo. Me limitarei a comentários aleatórios.

* Vi jacarés aos montes e garanto que eles não são maus. Sentem até medo de nós, malvados humanos. Encostei na cabeça de um e tudo que ele fez foi continuar com a boca aberta, estático, tomando banho de sol. Em compensação ouvi gritos histéricos da minha mãe e da minha irmã. Tão histéricos que achei que sofreria um ataque delas e não do jacaré. Fora esses bichinhos doces, vi ariranhas, recebi uma dentada de uma piranha no indicador (elas sim são perigosas), veados, aves de todos os tipos (acho elas meio sem graça e por isso nem fiz questão de decorar nomes) e tirei fotinhos com uma sucuri enorme e brilhante. Comi muito peixe (encerrei minha cota anual) e uma boa dica é o pintado. Daqui ó!
* Fiquei em um hotel no meio do nada depois de percorrer 65 quilômetros da transpantaneira e quase destruir o carro novo da minha irmã. Chão batido, sabe como é. O hotel tinha uma bela estrutura, apesar de ser no meio do nada. Tinha luz, água quente, televisão e sala de jogos. Nessa última aí até passei vergonha porque minha mãe é do tipo de pessoa que joga ping-pong por horas a fio e acha estranho formar-se fila com pessoas olhando de cara feia pra ela, afinal a mesa é de quem chegou primeiro e esses só dão lugar a outros quando parararem de jogar. Como eu sou um pouquinho mais perspicaz que a mãe, resolvi deixar uma menina entrar no meu lugar.
* Demos carona pra um garimpeiro. O moço era taxista em São Paulo e largou tudo pra ir morar em Poconé porque se apaixonou por uma moça de lá. É por essas que me pergunto o que o amor não é capaz de fazer, hein? Largar São Paulo pra trabalhar como escravo pra um dono de garimpo filho da puta que te paga 1000 reais por mês e não te dá nem uma porcentagem do ouro que tu acha. Lá o coronelismo ainda impera e quem manda são os donos de garimpo. Se tu nasce em Poconé pode ser garimpeiro ou garimpeiro. De repente tu até pode sair de lá, o problema é ter dinheiro para tanto. Apesar disso o seu Moisés me disse que era feliz, que tinha uma moto e que, junto com a mulher, somavam 2000 reais por mês e viviam bem. Bem pros padrões dele, claro. Ele disse que não sentia falta do conforto da cidade grande e que em Poconé ele conseguia até respirar. Interessante, seu Moisés. Boa sorte.
* Meus dias em Cuiabá teriam sido ótimos, não fosse o calor. Lá não é quente, é o próprio inferno. Eu e a mãe acabamos fugindo disso através de idas ao shopping. Como não se tem nada pra fazer em shoppings, fora gastar dinheiro, acabei gastando. Comprei umas calças, coisa que eu já deveria ter feito há um ano. Conheci muito bem as livrarias e me deu uma saudade dos sebos de Porto Alegre, da Saraiva e da Cultura.
* O trânsito em Cuiabá é caótico. Os motoristas não sabem dirigir, o semáforo pra eles é sinaleiro e é meramente ilustrativo. Vi cinco acidentes em dois dias e duas queimadas em três. Até ligamos pros bombeiros, mas eles disseram que é comum queimar lixo em terrenos baldios ao lado de casas e lojas, bem como queimar a vegetação em estradas. De repente eles até dariam uma olhada, caso o fogo se expandisse muito e mais alguém ligasse. Os cuiabanos se assemelham ao jeito dos nordestinos e a maioria tem um pé em aldeias indígenas. Fora o descaso com coisas óbvias, são extremamente cordiais e simpáticos. Muito mais que nós, gaúchos.
* Em Cuiabá tem um parque chamado Mãe Bonifácio (melhor nem querer saber o porquê do nome) muito legal. Grande e verde. É a nossa Redenção e o Ibirapuera dos paulistanos. Tem também o Sesc Arsenal, que é o melhor de Cuiabá, tipo a nossa Casa de Cultura Mário Quintana. Pena que o pessoal de lá não valoriza muito. Só vai gente que mora em Cuiabá, mas que vem de fora, como a minha irmã e as amigas gaúchas e paulistas dela.
* A Chapada dos Guimarães é pertinho de Cuiabá, menos de uma hora de carro e faz um friozinho. É pra lá que os cuiabanos correm nos finais de semana e nos meses de férias. O melhor da Chapada é a volta. Tem uma descida em que tu pára o carro e ele sobe sozinho. Dizem que é por motivos místicos, mas a verdade mesmo é que tem uma caverna por ali que exerce pressão e suga os carros. Pra provar que não estou mentindo, até filmei esse fato inusitado. Se alguém quiser ver, me avise. Além disso, a Chapada é muito bonita, tem um monte de penhascos e cachoeiras e animais selvagens. Pena que não consegui ver onça pintada, mas pelo que me disseram, essa aí é bem perigosa e eu fiquei olhando pra todos os lados em cada trilha no mato fechado. Outro bicho perigosíssimo é o tamanduá-bandeira. Quem diria, hein? Parece tão inofensivo, mas já matou vários com esse pensamento. Ele tem umas garras que perfuram até quinze centímetros e quando vêem alguém, ficam de pé e atacam. Que bom que eu não vi nenhum.
* E agora já chega de falar da viagem. Ainda teriam um monte de coisinhas pra dizer, mas o principal já foi dito. Voltarei à rotina de férias, com preocupações com o apartamento novo, decoração, matrícula, dentista, pagamento de contas, resoluções emocionais e, claro, a volta ao blog. Saudações.

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