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segunda-feira, agosto 07, 2006


As ruínas de Tiwunaco foram menos que o esperado. Ainda nem terminaram de escavar o templo para deixar a famosa pirâmide à vista. Coisas da Bolívia.
Chacaltaya, a montanha. Mais divertido foi conhecer uns médicos do que a vista em si. Com o tanto que temos viajado, ficou bem mais difícil nos impressionar.
O melhor passeio em La Paz foi o da estrada de Coroico mesmo. Ganhou o título de mais perigosa do mundo com toda a razao. Foram quatro cansativas e divertidas horas em cima de uma bicicleta. A Julia foi de onibus atrás. Abanando e tirando fotos. Como prêmio por sair viva da aventura, ganhei camiseta, copo de ceva, banho de piscina em um hotel perdido em Coroico e um drink apelidado de Pachamama. Perigosa foi a volta de van. Nessa estrada só tem lugar para um carro passar por vez. Assim se dao os acidentes. Caminhoes e onibus ficam de frente um pro outro esperando quem vai ter coragem de dar ré. De arrepiar os pêlos.
De La Paz fomos para a última cidade da Bolívia. Copacabana. Deu nome ao bairro do Rio de Janeiro e isso é o bastante para imaginar como é. Achamos que teríamos nossos últimos dias bolivianos tranquilos. Ilusao. Tinha um feriado religioso e uma feira que acontece uma vez por ano na cidade. Terror. Pipocavam bolivianos, cheiros fortes de comida (?) de rua, rezas incompreensíveis. Para completar a má sorte que a Bolívia dá de brinde, depois da minha infecçao foi a vez da Julia. Roubaram a carteira da moça com o equivalente a 40 dólares. Só o dinheiro. Documentos estavam em outro lugar. Nem tinha o que fazer. Julita deixou de ser blasé por breves segundos. Agora já voltou ao normal.
A Isla del Sol foi o melhor de Copacabana. Até porque tivemos que sair da cidade de barco. Caminhamos por 3 horas seguidas debaixo de um sol fortíssimo, causador de inúmeros tons de vermelho nos nossos rostos. Na ilha vimos algumas ruínas incas de cair os butiás. Foram as primeiras de uma série, afinal já estamos no Peru.
Chegamos em Cusco hoje. Estamos extasiadas com a cidade. É tudo. Civilizada, fofa, acolhedora. Amanha já vamos fazer o Valle Sagrado de los Incas, dormir em Águas Calientes e, no dia seguinte, Machu Picchu.
As aulas começaram. Que coisa.

segunda-feira, julho 31, 2006


As 24, e nao 23 horas do trajeto foram melhores do que o esperado. San Pedro de Atacama nos trouxe um merecido calorzinho, embora as noites tenham sido frias demais. Minha primeira estada no deserto. Paisagens irritantemente belas arqueando nossas sobrancelhas.
Agora ja estamos na Bolivia, o que me causa nauseas. Desde a entrada no pais, a vida nao tem sido facil para mim. O Salar de Uyuni valeu muito a pena, mesmo enfrentando 20 graus negativos a noite. Depois comecaram as tragedias. Veio altitude, me causando dores de cabeca insuportaveis, enjoo e tonturas. Nao fossem os amigos irlandeses, o ingles e a mocinha brasileira, ainda estaria perdida pelo Salar. A sensacao era de morte iminente. Faltava ar, faltavam pensamentos com algum sentido. Passou.
Nas minas de Potosi, fiquei mal de novo. Pobreza, falta de ar, tristeza. O guia me levou de volta para fora da mina em um vagao, cuidando para eu nao perder a cabeca de vez. Nesse mesmo dia descobrimos que os mineiros costumam beber alcool potavel 96% para se divertirem um pouco. Nos experimentamos. Pessimo.
De Potosi, fomos pra Sucre, a verdadeira capital da Bolivia. Ali as coisas foram melhores para o meu lado, ate descobrir que os enjoos constantes eram fruto de uma desagradavel infeccao intestinal. Fui no medico. Tomei injecao e agora sigo o tratamento com remedios. Mal consigo comer e minha dieta de 7 dias consiste em arroz, batatas, agua e bananas. E so. Nada mais. Qualquer outra coisa me deixa enjoada. Estou melhorando muito aos poucos, o que me irrita bastante, mas enfim.
Estamos em La Paz. Chegamos hoje. A viagem foi pessima, passamos muito frio. A cidade tem um cheiro terrivel, o que piora minha condicao. E um verdadeiro caos, buzinar e item obrigatorio de quadra em quadra. Sao Paulo e cafe com leite perto da poluicao de La Paz. Tem muita gente mendigando nas ruas. A Bolivia e tao pobre que estamos levando uma vida de gente rica, comendo nos melhores restaurantes (o que nao quer dizer que nao havera um fiozinho de cabelo boliviano nos pratos), nos dando ao luxo de ficar em quartos de hoteis com banheiro.
Visitaremos ruinas, montanhas e, colocando minha conta em risco, descerei de bicicleta a estrada mais perigosa do mundo, entre La Paz e Coroico. Vamos ver.

sábado, julho 22, 2006


Temos muita sorte. A estrada estava aberta e conseguimos atravessar a Cordilheira dos Andes. No meio dela, paramos no povoadinho de Uspallata. Estranhamos o clima. Era como se estivéssemos em um deserto. Muito quente e, ao redor da cidade, a Cordilheira. Vista inexplicável. Aluguei uma bicicleta e fui dar umas voltas.
Dali seguimos para Santiago. A aduana chilena é insuportável, nao se pode entrar com nada animal ou vegetal e os carabineros revistam mesmo. Tive que me desfazer de uma maça! Depois dali foi só alegria. É no lado chileno da Cordilheira que a neve entope completamente as estradas. Uma das coisas mais lindas que já vi na vida. Nos olhávamos embasbacadas e em silêncio.
Acabamos optando por ficar 4 dias em Santiago. Era para ser 3, mas só conseguimos passagem pro deserto de Atacama para hoje, sábado. Aliás, estamos indo em breve.
Em Santiago rimos muito. Os telejornais sao cômicos, sensacionalistas ao extremo. Impossível levar a sério. Aqui tem café com piernas (informe-se) e tem também boneco humano pendurado de cabeça para baixo no metrô.
Ficamos em um bom hotel. Merecíamos umas noites bem dormidas e mesmo que aqui, as coisas sao naturalmente mais caras que as outras cidades pelas quais passamos.
Na chegada, fomos ao Cerro San Cristóbal em um programa de família. Visitamos o zoológico e andamos de funicular e teleférico. Tive pequenas crises de pânico neste último porque ele PAROU de funcionar duas vezes seguidas. Na segunda já estávamos mais acostumadas e puxamos da mochila nosso licor artesanal argentino. Santiago acendendo suas luzes lá embaixo e nós presas em uma caixinha em cima de um morro gigantesco. Ao fundo, a Cordilheira. De chorar.
No outro dia fomos esquiar. Estou radiante porque era uma das coisas que eu mais queria fazer ainda jovem(?). Nos quebramos bastante, eu mais que a julia (a moça além de blasé, é cuidadosa) porque me atirava na neve toda hora por simples prazer. Ganhei uma bela distensao na coxa e dores merecidas nos braços. A estaçao de ski que fomos se chama El Colorado e fica na Cordilheira. Nao preciso falar sobre a vista, certo?!
Ontem caminhamos bastante pela cidade, conhecemos todos os pontos turísticos que nos interessavam e terminamos o dia no bairro universitário, com cervejas de litro por 4 reais. Apelidamos o lugar de Cidade Baixa. A Calle Pio Nono é igualzinha a Lima e Silva, levando larga vantagem por causa da animaçao e do maior número de pessoas. Além disso, todos os bares tem jukebox e depois de uns litrinhos, eu e julia nos divertimos escolhendo músicas e clipes. Viciamos.
Encerro por aqui. Temos que ir para a Estación Central pegar nosso ônibus para San Pedro da Atacama. Esse é o trajeto que leva 23 horas. Torçam para mantermos a sanidade.

segunda-feira, julho 17, 2006


Nao sei se o Buquebus é o navio mais rápido do mundo, mas fomos de Montevideo a Buenos Aires em 45 minutos. Possivelmente, a viagem mais rápida de todo nosso percurso. Estamos nos martirizando há dias pelo trecho Santiago - San Pedro de Atacama que será feito em 23(!) horas.
Mas vamos a Buenos Aires, que já entrou para a lista de cidades em que eu moraria. Fiquei fascinada, nem teria como explicar o quanto adorei os porteños,os museus, a arquitetura, a velharia. Até esqueci de dar notícias à família devido à tentativa desesperada de conhecer a cidade ao máximo. Doeu ir embora e doeu deixar lá cinco fabicanos da lista de preferidos.
Ficamos em um local ao qual apelidamos de pulgueiro. Preciso dizer mais alguma coisa? Ao menos, nos quedamos em San Telmo, bem localizadíssimas, sempre pegando o bus 29 (se lê binte nuebe). Festas? Nao muitas. Apenas bares e Quilmes. Os dias foram corridos demais, mas as dores nas costas e nas pernas valeram a pena.
Nosso espanhol está cada vez melhor. Já conseguimos trocar diálogos longos e complexos, embora emperremos uma vez ou outra. A solucao tem sido apelar para a mímica. Sempre funciona.
Agora estamos em Mendoza, também na Argentina, ao lado da Cordilheira dos Andes. Dá para avistar ela daqui. Muito massa. De tarde, fomos a uma vinícola provar os tao famosos vinhos da cidade. Nota 8. Talvez nao tenhamos escolhido a vinícola certa. Enfim.
Amanha, se os céus nos ajudarem, partiremos para Uspallata e Santiago do Chile, passando bem no meio da Cordilheira. O ruim é que a estrada fecha frequentemente, como ontem, por exemplo. Hoje nos disseram que estava aberta e amanha ninguem sabe. Se tiver nevasca de noite, fecha. E é possível que fiquemos presas no meio da Cordilheira, no povoado de Uspallata, caso haja nevasca quando estivermos indo. Ou seja, nao temos como prever. Ao menos, já tracamos um plano B entre um e outro pancho. Torcam pelo plano A, sim?
Em breve, conto qual deu certo.

quarta-feira, julho 12, 2006


Depois de uma chegada tranquila em Montevideo, tivemos uma experiência catastrófica com o hotel escolhido: o banheiro se transformava gratuitamente em lago. Fora isso, a cidade é bem interessante. Passamos um friozinho, especialmente, de noite e perto da praia, embora a julia ache esse frio super normal. Blasé, a moça.
Montevideo é uma cidade que parece ter parado no tempo e aí está toda a graça. Paira um arzinho interiorano, uma simpatia geral, um clima de tapinhas nas costas.
Hoje estamos em Colonia, também no Uruguai. Clima mais interiorano ainda, mas com uma parte histórica bem rica. Várias ruínas de um forte e ruas antiquíssimas. Fofo. Aqui estamos em um hotel cinco estrelas se comparado com o de Montevideo. Temos até tv.
Amanha iremos para Buenos Aires com o navio que, dizem por aí, é o mais rápido do mundo. Depois eu conto.

sexta-feira, abril 28, 2006


Por entre os grandes salões brancos, eu corria segurando um A3. Uma série de letras e números desordenados se dispunham no papel que passava a fazer mais sentido depois da simpatia da moça das apostas.
Lá fora, um campo iluminado por holofotes exagerados se estende em frente a duas arquibancadas enormes. E se eu dissesse que foi um dos lugares mais bonitos e legais que eu já conheci em Porto Alegre, não estaria mentindo. Me arrependo de não ter ido ao Jockey Club antes. Lá se vão mais de duas décadas reclamando que a cidade não tem lugares legais e dizendo que os poucos que tem, já fui.
O Jockey é o resto de uma coisa grandiosa. Hoje em dia, ele fica jogado às moscas e as corridas só acontecem nas quintas. A maioria dos apostadores joga pela internet e eu não consigo entender o porquê disso. É bem mais emocionante gritar o nome dos cavalos (ainda mais quando se chamam "China Pobre" ou "Tri da Patinha"), depois de ter feito milhões de cálculos baseados em suas últimas atuações.
Nos intervalos, a graça de comentários cínicos sobre jóqueis, canetas emprestadas, olhos grudados na televisão e uma long sorrindo em cima da mesa. Não me lembro de uma situação tão divertida.
Com um real já dá para fazer uma aposta, o estacionamento é grátis e, o mais chocante de tudo, as pessoas são simpáticas. Realmente simpáticas. O treinador, o apostador, o cara que cuida dos cavalos, a moça das apostas, o guardinha. É de chorar. Parece ter sido recortado do mapa da cidade. Tão intacto. Escondido. Vazio. Perfeito.
De cinco páreos assistidos, ganhamos três. Nada mal para duas iniciantes.
Virei fã.

quinta-feira, março 30, 2006


Dizem que Crash é um baita filme. Trama tocante sobre identidade e racismo sem cair em clichês. Merecedor do Oscar, até. Então me diga, tem coisa mais clichê do que mostrar o lado bom e ruim dos personagens exatamente na mesma medida? Mostrar que todo mundo pode cair em armadilhas quando em situações limítrofes? É muito fácil escrever um roteiro tão óbvio, tão maniqueísta.
Mas a infelicidade de Crash não para por aí. Como se nota pelo nome da belezinha, o longa tem algo a ver com acidentes. Na minha opinião, só pra tapar furo do roteiro e para fornecer mais um pedacinho de pano para a venda nos olhos dos críticos. Existe solução mais simples do que envolver vários desconhecidos em dramas absolutamente paralelos através de acidentes? E isso, senhor Paul Haggis, o Alejandro Iñárritu já tinha feito muito melhor do que o senhor em Amores Perros.
Aliás, Crash é isso: o Amores Perros dos americanos. As máscaras da sociedade deles caem exatamente como a cara deles. Assim suaves, assim apartidárias.
É impressionante como os dramas idiotas da classe média vêm tomando proporções gigantescas e empilhando prêmios. Vide Beleza Americana (ainda assim, melhor).
Crash só funciona pra quem é da classe média, racista e/ou xenofóbico. É um filme típico dos Estados Unidos e os críticos gostaram tanto porque, de certa forma, acreditam que devem ir contra a maré de intolerância em que seu país está afundado. Pena não se darem conta de que, batendo palmas pra um filme desses, só estão assumindo e concordando com essa postura estúpida e preconceituosa. E eu penso, sinceramente, que eles continuarão atravessando a rua ao verem dois rapazes de cor vindo na sua direção.

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